Mais um contributo ao meu Desafio - desta vez da Fábula
Que faz uma desocupada à janela? Faz planos para dias melhores.A janela estava fechada. Mais um dia tinha passado, como tantos outros, e ela em busca de uma outra janela. Perguntaram-lhe. Fizeram-no mais que uma vez. Que fazia ela o dia inteiro? Dormiria? "Dormir! Talvez sonhar."* A desocupação é um flagelo social... e pessoal. Não se percebe que uma pessoa possa passar o dia inteiro em casa sem nada fazer. Nada. E o que é que é "nada"? Nada de importante, pois claro. Eis aqui a fraqueza da não-resposta, um exemplo da vergonha de quem nada tem que se envergonhar.Que faz uma desocupada à janela? Os vidros da janela devolvem-lhe o reflexo, seu e da sua desocupação. Esse encontro consigo mesma é mais doloroso do que alguma vez pudesse imaginar... Como se liberta uma pessoa de si própria? O dia é grande! Gigantesco! De manhã a luz é clara, à tarde aquece. O final do dia, esse que se vê da janela, finda triste, finda nela...
* in Hamlet de William Shakespeare
6 comentários:
Há cerca de 6 anos, em 2001 portanto, eu percebi bem o alcance destas palavras quando estive 1 ano e meio a ver navios no belo do desemprego. Foi horrível, não há nada pior que passar o dia com todo o tempo do mundo para pensar nas agruras da vida. É uma merda!! Ainda bem que essa fase já passou e espero que nunca mais volte.
Eu espero que não também.
Sei que é mau estar desempregado, e nem vou discutir isso.
Desocupada?
Só o está quem não se consegur entreter.
Tomara ver-me rapidamente desocupada.
Todo o ser humano tem capacidade para saber "ocupar" o dia, basta para isso: querer, lutar e vencer!
A desocupação só exite na mente, porque há mil e uma ocupações bem mais benéficas do que a entrega a essa estagnação nociva- olhar na janela o seu próprio reflexo!
Desemprego? e o que é olhar, sentir e viver debaixo de fogo de artilharia pesada, ribombar de roquetes e não ter nada para comer versus nada?Foram apenas três anos, mas até aí ocupavamo-nos a arranjar comida, a socorrer feridos, a engolir as lágrimas e nunca ouvi lamúrias mas sim...vamos sair desta!
Venci e hoje reformada ocupo-me com mil e um afazeres e quando não tenho, arrumo o que está arrumado.
Como diz a minha mãe...tu não páras rapariga.
Parabéns e deste um retrato fiel de quem entrega os pontos!
Beijocas
O desocupanço é lixado mas, nada fazer com muito para fazer, há um Pessoa que trata disso.
Beijinhos gloriosa.
Este texto é perfeitamente actual.
Um desempregado, por exemplo, deve ter dias terríveis, que nem a janela consegue resolver.
Beijos.
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